5 jun 2020
Danna Krupka
Aluna do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina da NMS|FCM

Falam de guerra.
De um inimigo invisível.
Invisível é a guerra atrás dessas paredes,
Que se torna casa, mas nunca o vosso lar.
Casas, resumidas a paredes
Sem ninguém a retornar.
Falam de guerra.
Uma guerra sem soldados.
Uma guerra sem armas para lutar
Ou bandeiras brancas a levantar.
Pediriam um cessar fogo imediato,
Mas não há a quem pedir.
Falam de guerra.
Somente as lágrimas que a fazem assemelhar.
Somente as vidas que se cruzam e deixam de cruzar.
Somente os pais que não vão voltar.
Somente filhos sem regressar.
Falam de guerra
Mas estão num hospital.
Falam de heróis.
Assim o são.
Mas não o são.
São mais! Maiores!
Mais fortes por serem frágeis como são.
Não têm capa ou poderes sobrenaturais.
Refugiam-se em equipamentos de protecção
E não pedem por muito mais.
Falam de guerra.
De um inimigo invisível.
Invisíveis sois vós.
Não pedem por um pódio ou recompensa.
São um conjunto de profissionais.
Um nome comum sem nome.
Mas com tantos nomes,
Com tantas partes individuais e histórias pessoais.
Não há guerra para travar
Ou inimigo a quem se vergar.
Não são heróis.
São mais.
São vocês.
São um todo.
São humanos que defendem o mundo
Como se fossem imortais.
São quem abdica do seu lar
E quem rejeita recuar.
São quem mais tem a reclamar
Mas só devem querer é descansar.
São Esperança.
São Futuro.
São a Vida, em fuga para outro mar.
Photo by Luis Melendez on Unsplash